sexta-feira, 16 de abril de 2010
Tornado em Tavira
Esta manhã por volta das 8:30 formou-se um tornado sobre a Ria Formosa, entre Santa Luzia e Tavira, disspando-se algum tempo depois 3km para nordeste, já em pleno sapal. No caminho deste fenómeno violento - e extremamente raro nesta zona - estava o Clube Náutico de Tavira. Os estragos provocados na estrutura e nas embarcações que se encontravam em terra são demonstrativos da força do vento que se fez sentir.
Não houve feridos a registar, embora tenha havido algumas situações de risco por desconhecimento dos perigos, mas pessoalmente tenho a lamentar a destruição da embarcação de um grande amigo que tantas vezes me levou ao mar e com a qual contava para as minhas saídas em Tavira.
Deixo aqui algumas fotos ilustrativas (pode-se ver um pedaço de telha de fibro-cimento encrustada no motor do barco deste meu amigo), bem como um pequeno vídeo registado 3 horas após o evento.
No mesmo dia em que foi registado outro tornado no Estoril e dois dias após outro que se formou no Tejo e acabou nas Olaias após destruir muros e telhados alguém terá coragem para dizer que este é um inverno normal?
O mundo está a mudar, novos estudos indicam que a salinidade a altas profundidades está a mudar (a àgua está mais "salgada" nas latitudes equatoriais e mais "fresca" nos polos do que é normal) o que indica sérias mudanças no modelo climático global. Junte-se a isto as erupções na Islândia (com quantidades industriais de CO2 a serem bombardeadas para a atmosfera), o degelo dos grandes glaciares e um novo máximo solar até 2013 (este ano já se verificaram ejecções da corona com grande intensidade) e apenas os mais ingénuos ficarão descansados na sua ignorância.
Alarmismo, alguns dirão, mas já os mais antigos diziam: Cautela e caldos de galinha...
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
O país do faz-de-conta
Num país às avessas com a realidade, de gente iludida e que só vê aquilo que quer ver, não vá a verdade desmoronar os seus princípios e ideais, já não espanta que nem o Primeiro-Ministro se dê ao trabalho de fazer que trabalha. Em tempos de crise, a preocupação do poder é censurar quem não lhes agrada. Independentemente do direito constitucionalmente previsto da liberdade de imprensa e liberdade de opinião. Para estes senhores a constituição serve apenas para eliminar escutas e pôr em liberdade quem prevarica mas é amigo de A ou B. Vergonhoso.
Desta feita a vítima do sr. Sócrates foi o pivô da SIC Notícias, que atrevendo-se a questionar aquilo que está à vista de todos arrisca agora ser silenciado de vez. Como outros no passado.
Convido todos a ler este texto daquele que considero ser um dos últimos bons jornalistas deste nosso pequeno e confuso país. O sr. Mário Crespo bem quis publicá-lo no Jornal de Notícias, com o qual colaborava regularmente, mas tal foi-lhe recusado, o que levou à escusa do mesmo em participações futuras nesse diário. Não seria certamente por falta de idoniedade do sr. Crespo, mas por falta de espinha da direcção do jornal. Sim, porque os homens corajosos deste país há muito nos deixaram, sendo substítuidos por uma fornada de gente incompetente no dever cívico mas tão eficiente na arte do ilusionismo. Ou então... não.
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
Células Estaminais - o futuro da medicina
O dia 27 de Janeiro de 2010 ficará marcado na história. Não, não estou a falar da apresentação do novo iPad da Apple, que muito vai dar que falar, nem tão pouco do Orçamento de Estado de 2010 que as agências de crédito já disseram não ser suficiente para recuperar a economia nacional, ameaçando mesmo com cortes nos empréstimos ao estado Português.
Falo de um artigo publicado na revista Nature em que cientistas do Instituto de Biologia das Células Estaminais e Medicina Regenerativa da Universidade de Stanford, EUA relatam como conseguiram transformar simples células da pele de ratos (da cauda, mais propriamente) em neurónios funcionais. O que por simples analogia parece ser uma cura para doenças degenerativas como Parkinson e Alzheimer, poderá ter aplicações muitos mais vastas, pois esta técnica permite não só criar neurónios como qualquer outro tipo de células. Poderá, por exemplo, eliminar vários tipos de cancro, substituir células danificadas do fígado e, mais radical, alterar a forma como os globulos vermelhos actuam, retardando o processo de envelhecimento.
De referir que no passado os cientistas apenas conseguiam extrair celulas estaminais (células em branco que podem ser programadas para se comportar como qualquer outro tipo de células) de embriões, que para além de complexo é um processo polémico.
Deve também ser dito que embora não exista aplicação imediata e seja necessário passar esta experiência para os humanos, normalmente este tipo de pesquisa em ratos de laboratório leva 7-8 meses a conseguir reproduzir os resultados no ser humano. Isto porque estes ratos têm um ADN 99% idêntico ao nosso, razão pela qual são usados neste tipo de investigação.
terça-feira, 20 de outubro de 2009
Pesca, Parques Naturais e Reservas em Portugal
Em Sesimbra, no Parque Natural da Arrábida, foi criada a primeira reserva semi-integral portuguesa (Parque Marinho Luiz Saldanha), onde foi altamente restrita a pesca lúdica mas em que alguns profissionais podem ainda pescar, embora não possam fundear as embarcações. Já no ano passado, ao Parque Marinho Luiz Saldanha (PMLS) juntaram-se o Parque Natural do Litoral Norte (PNLN) e o Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina (PNSACV). Ambos com menos restrições à pesca lúdica, mas com a mesma permissividade à pesca comercial (ainda que com determinados limites). Mudadas também foram as regras para quem usufrui do Parque Natural da Ria Formosa (PNRF), tanto no que diz respeito à pesca como a certos desportos náuticos. Foi, por exemplo, proibido o Windsurf na Ria, quando deveria ser uma actividade apoiada, para que os barcos não tenham que se preocupar com os desportistas náuticos.
Para quem viva num apartamento de cidade, com um dia-a-dia longe da natureza, estas parecerão medidas evoluídas, de uma governação moderna, mas na verdade são apenas mais um exemplo de como o legislador vive alheado da realidade. Neste caso, da realidade de quem usufrui da natureza e da realidade da vida selvagem. Sou absolutamente a favor de reservas integrais, desde que se investigue e se tomem medidas inteligentes na recuperação de stocks, sendo que uma àrea em "alívio" nunca poderia ser aberta a QUALQUER actividade de recolecção durante um período de 3 anos. O que acontece nos nossos Parques Naturais, e muito graças à inoperância e incompetência tanto de Instituto de Conservação da Natureza e Instituto Portuário e dos Transportes Marinhos é vergonhoso para um país que sempre viveu voltado para o mar.
Trago hoje este assunto porque como praticante assíduo de Caça Submarina e Pesca vi ao longo dos anos os meus direitos serem subtraídos em prol de um pseudo-ambientalismo autista que no fundo serve apenas para restringir e punir com vista a mais receita, ao invés de preservar. Para quem não conhece a actividade, a Caça Submarina efectua-se submergindo até 25-30m, dependendo da capacidade física do praticante, usando apenas o folêgo (sem garrafas/botijas) e usando um arpão projectado com elásticos (não mais que 4m de alcance de tiro). Devo referir que um caçador submarino retirará em média 50-70kg de peixe por ano, sendo a única actividade em que se selecciona a presa e em que normalmente se procuram troféus (exemplares de bom porte e que já tenham tido vários ciclos reprodutórios) ao invés de um balde cheio de juvenis. De referir também que esta é a única actividade que não deixa chumbo, nylon, rede, anzól, etc e que preserva o fundo marinho como nenhuma outra.
No entanto, esta actividade foi banida do Parque Luiz Saldanha e é discriminada em relação à pesca lúdica tanto no PNSACV como no PNRF, pesca lúdica essa que também sofreu graves limitações, muitas delas patéticas quando o intuito será proteger as espécies ameaçadas. O que é curioso, é que todas estas restrições começaram depois de se inventar uma licença de pesca que mais não é que pagar tributo para usufruir de um mar que até há pouco tempo era de todos. Revolta-me ainda mais o facto de parte dos fundos das licenças irem parar à pesca comercial. Essa mesma, que chora nos telejornais quando não há peixe mas que não se abstém de tirar 30-40 toneladas de polvo por dia quando este tem o azar de aparecer na costa em quantidade. Ou 10 toneladas de Corvina, embora seja claro que só podem apanhar 2 toneladas. Claro, depois esgotam-se os stocks, e vamos lá pedir mais subsídios. É a solução para todos os problemas.
Nada tenho contra a pesca comercial, até porque sei que muitas famílias de pescadores passam dificuldades nestes dias em que a crise aperta e o mar não ajuda, mas será que é a pesca lúdica a responsável pelo desaparecimento de grande parte do stock de pescado nacional?
Deixo aqui um artigo espanhol, acerca de um dia de pesca de um barco da pesca ao Sargo na Corunha. Um pescador lúdico num dia bom pescará 3-4kg de Sargos, sendo que lhe é imposto um limite de 10kg de capturas. 7,5kg se estiver no PNSACV. Esta embarcação tirou 6000kg num dia.
http://www.espaciosub.com/content/view/361/1/
Podia continuar aqui a descrever o que vai mal no nosso mar, desde arrastões em plenas praias de Tavira a tirar marisco e tudo o que cresça a não mais que 5-6m da linha da costa no Inverno, redes e armadilhas abandonadas no fundo com peixe e marisco a definhar lentamente ou ainda a pesca ilegal, feita sem licença, com redes de malha fina e no breu da noite mas que ao que parece toda a gente sabe e ninguém fiscaliza.
É apenas mais um problema entre os muitos inventados pelos nossos governantes. Porque não há coragem para fazer o certo (criar Reservas integrais e restrições a sério à pesca comercial nas àreas de desova, por exemplo), criam-se Parques restritivos e pune-se quem menos hipóteses tem de se defender. Para finalizar, publicita-se uma governação ambiental responsável, como se sem estudos e participação séria da comunidade científica um político conseguisse perceber como poderia proteger o Robalo durante a desova.
Lembra-vos algo?
Pois... a mim também.
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
Política, em Portugal
José Sócrates foi reconduzido por mais 4 anos, pelo que espero que durante a sua legislatura não se esconda detrás das desculpas que arranjou durante a campanha. Quando olho para o número de votantes no Partido Socialista (o mais votado, e por isso o único com legitimidade para formar governo) interrogo-me se o país escolhe os seus governantes, ou se estes são escolhidos por sondagens (2-3 por semana durante a campanha) e marketing. 2 milhões de votos, num país de 10 milhões de habitantes, deveriam corresponder a um partido da oposição. Só porque o povo se alheia da política é que este tipo de resultados são possíveis. E, claro, pior resultado têm os outros partidos.
Não se trata de diminuir a vitória do PS, mas de fazer perceber a todos que as sondagens não são mais que instrumentos de manipulação e de dissuasão ao voto. Muita gente não vai às urnas porque "já ganhou este" ou "o que apoio não tem hipótese". E perceber também que um governo com 2 milhões de votos não será cobrado da mesma maneira que um com 3 ou 4 milhões. A responsabilidade é directamente proporcional ao número de votos obtidos. Porque já se viu que o sentido de estado é qualidade perdida no Portugal do séc. XXI.
Em relação a Tavira, Jorge Botelho sucede a Macário Correia tendo conseguido mais 600 votos que o candidato independente apoiado pelo PSD, Rui Amaro. Confesso, é um resultado que me surpreendeu pela negativa, porque acredito que devemos premiar quem nos serve bem e como habitante da Freguesia de Santiago via com muito bons olhos na Câmara um homem que é um exemplo de humanidade e de acessibilidade, para contrastar com a arrogância demonstrada por Macário Correia. Considero que este foi um resultado injusto para Rui Amaro (independentemente do partido que o apoiou), por tudo aquilo que deu à cidade de Tavira. Há hoje quem apoiasse um lado e o esconda, por esta ou aquela razão, mas penso ser fundamental mantermo-nos fiéis às nossas convicções.
É por isso que hoje digo estar triste, porque não me revejo nas escolhas (soberanas) do povo. Resta-me aguardar para ver o que faz o Dr. Botelho, embora ache que quem lhe confiou o voto deverá ser quem mais terá que exigir rigor e cobrar promessas falhadas. Espero estar enganado, para o bem da nossa terra, e quem sabe até serei surpreendido.
Deixo no entanto aqui uma pequena aposta, para o leitor confirmar daqui por uns meses/anos: Á primeira dificuldade, aposto que o dedo será apontado ao Eng. Correia. O futuro dirá se tinha razão para suspeitar da sua competência.
sábado, 26 de setembro de 2009
Lua e Marte: Os primeiros passos.
Esta quinta-feira e após analisar dados provenientes de uma sonda norte-americana e um satélite indiano a NASA anunciou ter confirmado existirem depósitos de àgua na Lua, conforme indica a àrea a azul na fotografia em epígrafe. Isto na mesma semana em que se descobriu que os depósitos de àgua em Marte, embora em nada comparáveis com a Terra, são bem mais extensos do que se pensava.
Para o comum terráquio, esta é uma notícia que passa ao lado, especialmente na altura do circo eleitoral em que os macacos fazem a última actuação destes 4 anos e os ilusionistas tentam impressionar o mais céptico.
Para os entusiastas do tema, esta é uma notícia de uma importância avassaladora para o futuro da humanidade além do nosso berço, especialmente depois de termos visto o governo federal americano desfazer quaisquer planos de uma viagem tripulada à Lua ou a Marte nos próximos 20 anos. Tendo em conta que ninguém investe tanto como a NASA, esta foi uma decisão que deixou muita gente triste. No entanto, os novos dados disponíveis fazem com se olhe novamente para a Lua e Marte, como objectivos reais para missões a médio prazo.
E porquê é que é tão importante a descoberta de àgua? Porque para além da óbvia necessidade de àgua para a sobrevivência de qualquer missão tripulada, esta permite que se extraia e processe combustível (separando moléculas de oxigénio e hidrogénio) no próprio local, não sendo portanto necessário transportar todo esse peso na viagem de ida, e permitindo criar pontos de abastecimento fora do planeta Terra, para missões futuras.
Este pode também ser um momento de viragem na exploração espacial, pois com a existência de àgua e a possibilidade de criar bases fixas a longo-prazo vem também a oportunidade de procurar por matérias primas que poderão ter valor comercial, incitando os privados a investir neste sector que até agora tem sido financiado quase em exclusivo por fundos públicos, tanto no caso da NASA (National Aeronautics and Space Administration), ESA (European Space Agency) e RFSA (Russian Federal Space Agency).
Que importância tem este tema, no meio de uma crise global e de eleições locais e nacionais? Toda. Porque acredito que a humanidade só prospera enquanto continuar a explorar os limites do seu conhecimento, e dessa mesma exploração advirão avanços tecnológicos em todas as àreas de que poderemos usufruir. Entre eles, métodos de crescimento de plantas em gravidade zero, que permitem 10-20 colheitas por ano, o que no longo-prazo poderá ser a única solução para alimentar um planeta de mais de 6 mil milhões de habitantes e a aumentar todos os anos.
De referir que entre 1950 e 1980 a tecnologia criada para as missões Apollo (EUA) e Cosmos (URSS) traduziu-se no avanço da informática e telecomunicações que vemos hoje, e que desde essa altura o mais longe que o homem saiu da terra foram 100km de altitude, até à ISS (International Space Station) - em absoluto contraste com os 350000km que separam a Lua da Terra. Por falta de ambição, fundos ou ideias, este estagnar dos últimos 30 anos fez com que pouca tecnologia fosse criada para o efeito, e poucas vantagens tivessemos todos - com excepção para o magnífico Hubble, que em muito nos ajudou a compreender o universo em que vivemos.
Este deve ser o rumo a seguir nas próximas décadas. Um rumo em que nos desafiamos e nos melhoramos, tentando fazer aquilo que nunca ninguém fez, e indo para além daquilo que conhecemos. Porque a tentação de manter o status-quo é grande, e o conformismo perigoso, recuso-me a aceitar que não podemos aspirar a ser mais e, sobretudo, ser melhores.
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
Promessas
De todos os termos usados pelos políticos modernos, a promessa é provavelmente aquele que mais vezes ouvimos. Acaba por ser estranho, porque me parece que só é usado na altura de ir às urnas e substituído durante a legislatura por termos como rigor das contas, défice e inflação. Na antecâmara das eleições, no entanto, usa-se e abusa-se da promessa como se todos fossemos um grupo de símios que vota no chimpazé que oferece os maiores amendoins. Para depois justificar a falta de amendoim com a má política do babuíno que lá mandou antes...
A única promessa que sei que pretendem cumprir é a promessa de pagar os favores de quem lhes financia a campanha e lhes promete postos de destaque se fizerem política à medida. O único sentido de dever que conhecem é para com o dinheiro, talvez a única entidade que nem esquerda nem direita abdicam de servir. E tudo isto poderia não ser grave, se dedicassem o mesmo tempo e energia a defender o nosso dinheiro. Mas como sabemos, o que é importante é descobrir maneiras de roubar o dinheiro dos contribuintes sem que estes lhe dêem pelo cheiro.Hoje é saco azul, amanhã é adjudicação directa e ainda nem chegou o dinheiro dos terrenos da OTA. Grande barraca essa...
Por tudo isto ofendo-me quando me prometem o fim da crise. Ou a baixa de impostos. Porque o que interessa não é baixar os impostos durante 6 meses... é baixá-los por 10 anos. E isso só se consegue com sentido de dever público e dedicação ao País, ao invés de se dedicarem a defender Off-shores.
Tudo isto porque depois ver o debate entre os 2 principais candidatos a PM de Portugal deu para perceber que orçamento de estado e contas públicas variam mais que a maré. E espanta-me como os jornalistas deste país admitem que se diga que as contas são uma incógnita para quem vai para o governo. Grande serviço nos fazem esses senhores também...
É que se não fazem ideia da situação que irão encontrar (seja no governo ou numa autarquia), como é possível prometerem aquilo que não sabem se poderão cumprir? E porque não há UM programa que seja de futuro? Ainda vão ter que consultar o padrinho para saber o que hão-de fazer?
A isto dá-se o nome de Demagogia.
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