segunda-feira, 20 de julho de 2009


Quando olho para Tavira sinto um misto de alegria e tristeza.

Alegria pelo seu património incalculável, os séculos (milénio) de história que se desenrolaram não só dentro dos muros da cidade que os Fenícios fundaram e os Mouros redescobriram, mas também nos montes e vales do vale do Séqua, das montanhas do caldeirão à planície litoral onde os Romanos estabeleceram um dos mais importantes centros urbanos da provincia mais ocidental do império, Hispânia. A Balsa (onde hoje fica a Torre d'Aires), que ao contrário do que muitos hoje pensam, não era a Tavira Romana. Nesses tempos, onde hoje fica a nossa linda cidade, a ocupação romana resumia-se a villas (moradias da classe alta) e um pequeno porto onde hoje é a Bela Fria (nome que, dizem os peritos, advém da designação de uma antiga villa romana).

Infelizmente, nem tudo são rosas na cidade do Gilão. À boa maneira portuguesa, são as gentes que não dignificam o país e a terra em que vivem, aproveitando qualquer desentimento para semear invejas e ódios de estimação, sem pudor de os expôr na praça pública tendo ou não um mínimo de verdade. Ora porque tudo está mal, porque tudo o que o vizinho faz é de má-fé ou apenas porque existe um sentimento de desprezo por aquilo que os outros conseguem sem qualquer base lógica ou social além da simples inveja. As eleições autárquicas são disto um perfeito exemplo.

Paradigma da nossa classe política ou simplesmente um reflexo da cultura (à) portuguesa do séc. XX/XXI, o bota abaixo com recurso à ofensa pessoal, à calúnia e à mais descarada das mentiras tornou-se um padrão de comportamento adoptado pelo grosso dos políticos portugueses, do Presidente de Junta ao Primeiro-Ministro. Felizmente, os titulares do cargo máximo do nosso país têm sabido fugir à vulgarização geral (excepção feita quele que alguns chamam Pai da Nação, mas que eu respeituosamente apelido de Pai de todos os oportunistas).

Dos políticos, confesso, não espero verdade nem visão estratégica (real, e não da boca para fora) e nos dias que correm tão-pouco honra ou honestidade. Estes valores à muito foram tornados obsoletos por todos aqueles espertalhões que aproveitaram (e aproveitam) os cargos públicos para o seu próprio benefício, à custa daqueles que trabalham, pagam impostos e ainda vêm as suas liberdades fundamentais subtraídas sem qualquer justificação verdadeira.

Volto pois à cidade de Tavira e aos seus candidatos às autárquicas. Ruído de fundo e ofensas aparte, por esta altura gostava de começar a ouvir mais ideias e menos apontar de dedos.

Do lado do PSD existe falta de exposição pública e de uma mensagem clara, além daquilo que o cartaz já publicita. Tavira segue em frente. Sim senhor... mas como? Com que ideias e que futuro? Respostas que espero ter até Outubro.

Já no PS sucede o inverso. Excesso de exposição pública para tão poucas ideias e sem efeitos práticos no que concerne à difusão da mensagem. Apontam dedos e gritam como meninas histéricas para tudo o que (acham) estar mal naquilo que chamam O Reino de Macário Correia. E que ideias dão estes senhores como alternativa? Zero. Falam-me no porto de abrigo. Pois, até acredito que sim. É só questão da côr do cartão do presidente da CMT ser igual à côr do cartão do chefe em S.Bento. Um telefonema ao IPTM (Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos) e ao Ministro das Obras Públicas e está a situação desbloqueada. E que mais ideias têm para Tavira?

Não suporto política de olhar para trás e a apontar aquilo que, à posteriori, não se faria. Quero ideias, visão e acima de tudo integridade. E o leitor?

16 comentários:

  1. Parabéns pela iniciativa.
    Começo por discordar. O único Chefe de Estado depois do Rei D. Carlos,digno desse nome foi o General Ramalho Eanes.O Professor C.Silva se for capaz de por ordem nesta escumalha, pode ser que ...
    Falaremos mais tarde dos Tavirenses. Mas pela Verdade temos que dar em todos- "ou há moralidade ou comem todos".

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  2. Não se preocupe cara rita, aqui não há "protegidos". No entanto, e no que diz respeito ao Prof. Dr. Aníbal Cavaco Silva, professor catedrático e economista de excelência, devo confessar que lhe tenho bastante consideração. A sua figura austera e a pouca abertura que demonstra jogarão contra ele, mas sou da opinião que a nossa democracia teve nos 10 anos em que esteve no poder o seu auge. Sem, claro está, querer com isto dizer que foi um governo perfeito.

    Um bem-haja e que possamos (todos) manter o nível bem acima da média daquilo que se tem presenciado noutras paragens.

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  3. Com esta fleuma toda não vamos lá. É preciso mais provocação e mais contraditório.

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  4. Também não vamos lá com a "tachada", a "cunharia", o "compadrio"... ou fomos?!...

    Por mim, que venha a "fleuma", a "honra" a "honestidade", o "mérito", a "excelência", a "responsabilidade", a "verdade", por favor voltem, temos muitas saudades e necessidade!

    Subscrevo a mensagem do autor, felicito-o e agradeço-lhe pelo blogue, pelo nome e pela foto, está um espectáculo.

    E viva a diversidade, e o debate de ideias, com responsabilidade e respeito.

    Os meus sonoros APLAUSOS!
    Continuem, é assim mesmo!

    Noélia

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  5. NOÉLIA,

    Quando me referi á fleuma estava a contestar estes salamaleques que o autor quer por nesta troca de comentários.
    Mas enfim mordeu o isco e entrou a matar.
    Estes valores são também os meus mas convenhamos, a maioria dos políticos que nos governa não sabe o que é isso.
    O poder autárquico então nem falar. É só compadrio e gamanso.
    Olhe fique desde já a saber que é uma das razões que me leva a acreditar na canditatura do Rui Amaro. Parece que nada deve à plutocracia que domina os aparelhos partidários e por isso está a causar tanta azia.

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  6. Tenho que ir ao dicionário ver o que é isso da plutocracia. Concordo consigo, o Rui não deve dever nada a ninguém, ele não precisou de mais ninguém para além do seu padrinho... ou melhor do seu "BIG" PADRINHO!...

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  7. Claro, e quem tem um padrinho daqueles, não precisa de mais ninguém.

    E é notório como o afilhado admira o padrinho.
    Por acaso já ouviram o discurso do Rui Amaro no congresso do PSD Algarve em Lagoa e disponível no "site" da candidatura na Internet, em que praticamente só faz a defesa da "Tavira Verde", sob o pretexto de grande preocupação ambiental?

    É impressionante, na nossa frente está uma pessoa a falar, mas eu só conseguia ver e ouvir o Macário Correia. Macacos me mordam se não foi ele (o Macário) o autor do discurso.

    E por acaso já pararam para pensar no que é que acontecerá se o padrinho não ganhar as eleições em Faro???

    Que o padrinho irá mexer os cordelinhos cá por Tavira, não tenho dúvidas, mas e se não ganhar em Faro, ficará muito mais disponível. Não quererá depois voltar ao poder em Tavira?????

    Então e o afilhado, bom rapaz e muito admirador do padrinho, o que irá fazer????

    Percebem o risco?

    É por estas o por outras que já ouvi comentários do género "O Rui, o moço de recados do Macário, eu cá não voto nele!"

    Eu tenho cá as minhas dúvidas e os meus receios. É que doze anos de Macário, já chegam!

    Captaram?

    Pensem nisso!!!!


    Serafim Iluminado

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  8. Bem, já nem sei o que pensar!...

    Caro Iluminado, EXCELENTE Reflexão, sim senhor, e esta hem? Mais palavras para quê?

    Agora é que eu fiquei mesmo muito "ALMAREADO".

    Acho que tenho que ir beber uns sais de frutos...

    Zé Honrado As-Vezes

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  9. Olhem:
    A minha alma tá parva!!

    Não estava à espera duma coisa destas! Tanto blogue, tanto comentário e alguns de facto de se lhes tirar o chapéu! Viva a malta de Tavira que parece que está a acordar da letargia em que tem andado mergulhada...

    Agora quem ficou Almareado fui eu! Se soubesse onde mora o Zé Honrado até lhe ia pedir uns sais de fruto. Vou ver se tenho água com gás...

    Augusto António ApitoDourado

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  10. Ora portanto, o risco é que MC perca em Faro (só mesmo um cego é que acredita nisso) e fique a mandar em Tavira. Isto tudo com a conivência de um homem que começou a carreira política como Independente, quando haviam muitos outros paus-mandados do PSD que teriam obedecido cegamente ao grande mestre.

    Bela reflexão essa, se bem que totalmente desadequada.

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  11. Não deixa de ser igualmente uma reflexão muito interessante!...

    Continuem, é um excelente exercício este, analizarmos todos os pontos de vista.

    Serafim Iluminado

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  12. Ao Anónimo de 24/07 - 16:39

    Primeiro acho que o sr. está a ofender a sensibilidade das pessoas cegas, que conseguem "ver" (sem ser através dos olhos) muito mais do que nós que não somos.

    Mas utilizando as suas palavras, o seu amigo Macário (e utilizando a sua lógica) também está cego, porque também ele acreditou que pudesse perder em Faro. A prova é que para se garantir, começo logo a fazer coligações.

    E a minha reflexão, também está desadequada, não???

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  13. Consultado o Portal da Ordem dos advogados www.oa.pt ( pesquisa de advgados) não existe nenhum advogado com o nome profissinal Jorge Botelho.

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  14. Não tenho a certeza, mas tenho ideia que para estarem inscritos na Ordem dos Advogados, têm que ser advogados no activo, o que não é o caso, o Dr. Botelho, ao que parece, quase nem chegou a exercer e há muitos anos que não exerce. Creio que será essa a razaão para não ter aparecido o registo do advogado Jorge Botelho.

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  15. Então não é advogado, é licenciado em Direito!


    E esta heim? :P

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  16. Afinal de contas o homem é o quê?
    Bem, começa mal afinal tantas dúvidas, vai-se ver e o homezinho é mesmo é engº.
    Os pseudoengenheiros que proliferam nas listas candidatas estão inscritos na ordem dos engº ou na ANET,ou apenas usam os títulos?
    Se assim for( não inscritos - sem provas dadas da sua competência técnica) entitulem-se Condes e Viscondes sempre lhes fica melhor...!
    ( Ex Conde Fernandinho Vieguinhas, Marquês Jeorgeoni Botelhoni).

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