Jorge Botelho (PS)

Feitos os respectivos jantares de apresentação dos cabeça de lista candidatos à Câmara Municipal de Tavira e respectivas freguesias, penso ser a altura para uma análise séria dos dois candidatos a Presidente, perceber de onde vêm, o que os motiva e acima de tudo saber o que pretendem para o futuro do concelho.

É com este propósito que falo hoje de Jorge Botelho. Advogado de formação (Universidade de Coimbra), 41 anos e Director da Segurança Social do Algarve, começou o seu percurso político na Juventude Socialista, chegando à liderança da concelhia do PS/Tavira há 3 anos. Este é, em suma, a pouca informação que conseguimos recolher do candidato pelas vias acessíveis ao cidadão comum.

Analisando o percurso de Jorge Botelho há alguns promenores que saltam à vista. Desde logo o pouco tempo em que se dedicou à profissão que escolheu quando ingressou na Universidade de Coimbra. A mim, cidadão não filiado nos partidos do bloco central (ou outro qualquer), causa-me alguma estranheza como chegam certas pessoas a cargos públicos sem existir um percurso condizente que nos demonstre que tal sucede por mérito, e não por tachos e compadrios. O caso de Jorge Botelho encaixa neste paradigma que nem uma luva.

Que provas tenho deste facto? Perguntarão. Zero, respondo. Mas tal não impede que franza o sobrolho. Basta, aliás, olhar para a Assembleia da República para perceber que isto dos Jobs for the boys não é nenhuma fantasia. Favor com favor se paga e se têm dúvidas basta olhar para o Dr. Jorge Coelho que assim que saiu do Governo foi parar à Mota Engil, com os resultados que se conhecem. Ou somos todos cegos?

E onde entra o Dr. Jorge Botelho nisto tudo? Eu explico o meu raciocínio. Jotinha - e aqui fosse PS ou PSD, a diferença seria sempre muito pouca - formado em direito (curso dos políticos de carreira por excelência) e que mal entrou no mercado de trabalho já tem à sua espera um posto na Segurança Social. Grande sorte, tendo em conta as centenas de advogados no desemprego. Aos 38 anos é promovido a Director Regional, cargo que é responsável por fiscalizar largas centenas de milhões de euros dos contribuintes e que, digo eu, seria sempre do maior interesse ser ocupado por alguém com provas dadas. No entanto, como todos sabemos, é lá posto um boy pelo partido no poder (neste caso, o PS). Faz-me lembrar um pouco o Eng. Electrotécnico António Guterres ou o Eng. Civil (será?) José Socrates. Governantes ao mais alto nível que nunca demonstraram qualquer competência especial na sua àrea de formação e chegam à liderança dos partidos através da política. E o que é isto da política nos nossos tempos? Nada mais que um toma lá dá cá de favores e promiscuidades que envorgonhariam o mais corrupto dos senadores da velha Roma. Adiante.

Analisemos então os planos para Tavira da lista encabeçada pelo Dr. Jorge Botelho, usando como auxílio o discurso de apresentação feito a 22 de Abril de 2009, uma vez que o discurso feito no jantar de apresentação foi bem mais parco em ideias e abundante em chavões que há muito ouvimos da boca dos nossos políticos.

Cito: A perda da qualidade de vida, a morte lenta do centro da cidade, a falta de jardins e de espaços públicos de excelência, o caos do trânsito e do estacionamento, o crescimento de edifícios de baixa qualidade e de estética sofrível, são traços cada vez mais presentes no nosso concelho.

Começo por fazer referência aos problemas apontados ao executivo ainda em funções. Falam-me em perda de qualidade de vida e morte lenta do centro da cidade. Quando olho para Tavira há 12 anos lembro-me de asfalto de má qualidade e cheio de buracos, de um centro da cidade em que os carros se sobrepunham às pessoas. Recordo-me de necessitar de passar por Santa Margarida para chegar à A22 e de ser uma aventura chegar ao interior do concelho, tal o estado das estradas. Sim, gosto da qualidade de vida em Tavira pós-Macário Correia. E não adorando o nosso Presidente da Câmara, não tenho pejo em dizê-lo.

Falam-me de ausência de sensibilidade social e pergunto: Onde estão os sem-abrigo de Tavira? Os arrumadores de carros? E os toxicodependentes que enchiam os parques infantis de seringas? Onde estão os bairros sociais com estradas de terra batida? Já se esqueceram? Eu não...

E chegamos às Empresas Municipais que, cito:

Têm de ser instrumentos ao serviço dos munícipes e das actividades económicas e sociais que se desenvolvem no concelho, portadoras de elevada responsabilidade social e não instituições que prosseguem apenas a obtenção de lucros.

Concordo e vou mais longe, não teremos que ser nós, munícipes, a custear esse mesmo lucro. No entanto, há que ser rigoroso e saber exigir a mesma qualidade nos serviços, e acabar de vez com os funcionários que estão no atendimento ao público e tratam os munícipes como se lhes estivessem a fazer um favor.

Há 2 parágrafos que me apetece citar, embora encontre outros com o mesmo teor e a mesma (parca) substância:

Tavira terá de voltar a ter um comércio de nível superior e que qualifique o território e os seus referenciais. Tavira terá que apostar na globalidade das actividades económicas que tão bem caracterizam este concelho. Temos de dar importância à agricultura, à pesca, às indústrias, aos serviços e ao comércio e turismo.

Tavira terá de ser um concelho saudável onde apeteça viver, onde os espaços mais nobres estão disponíveis para os cidadãos, onde se circule e se estacione, onde se passeie, onde se vá às compras, onde se faça desporto ao ar livre, onde se viva em segurança, enfim, um concelho sustentável.

Aí está um bom exemplo da política à portuguesa. Tanta palavra para concretizar coisa nenhuma. Uma pena.

Chegamos então às 2 ideias principais (e concretas) do projecto do PS para tavira: A vontade de ser o centro do Sotavento e projecto para o porto de pesca e porto de recreio de Tavira. Em relação à primeira, e não me custa admiti-lo, o Eng. Macário Correia fez mais em 12 anos do que nos 100 anos anteriores. Hoje Tavira está no mapa, é reconhecida internacionalmente como um destino por excelência no Algarve e é vista dentro da nossa região como um exemplo de como revitalizar uma cidade que definhava. Já estamos no rumo certo para atingir esse objectivo, falta-nos apenas passar ao próximo nível.

Uma das necessidades fundamentais da cidade é um porto/marina digno da longa tradição marítima de Tavira. Quando visito V.R.S.A, Olhão e Portimão penso na falta que faz à cidade ter um sítio onde atracar um iate, um veleiro, uma traineira, e libertar o Gilão e a Ria de todos aqueles veículos (muitos deles abandonados) que obstruem a beleza natural da Ria Formosa. Concordo, mas ponho em causa o real sentimento por detrás da ideia. Ou será coincidência que o presidente do organismo (Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos) que durante uma década bloqueou todos os projectos deste tipo para Tavira faça campanha com o Dr. Botelho?