Uma praia singular

Hoje falo-vos de um facto que me parece passar desapercebido à maioria dos Tavirenses. Não, não se trata de política ou da vida das socialites da cidade, mas sim de algo que devia encher de orgulho todos os que gostam da nossa terra.

Há algum tempo que leio artigos em jornais ingleses e americanos nos quais eram feitos enormes elogios à cidade de Tavira, suas praias e campos de golf, e como a sua beleza natural e património histórico a diferenciavam das cidades de plástico do Barlavento. Num desses mesmos artigos, um jornalista inglês que trata de viajar pelo mundo a visitar campos de golf diz: "Quando me falaram em voltar ao Algarve para visitar novos courses confesso que fiquei pouco entusiasmado. Já havia estado em Albufeira e não me deixou saudades." Fala depois um pouco de vários campos de golf no concelho até chegar a Tavira. "Ficámos hospedados em Tavira. E que descoberta esta, onde pensei já não poder ser surpreendido. A 30km do Aeroporto e com vários courses de alta qualidade a 5min de carro, este é o meu novo destino favorito. Tavira é uma cidade linda, escondida entre os vales, cortada ao meio pelo rio Gilão e senhora de um charme único no sul de Portugal. Mais, se levar os seus filhos estes irão adorar brincar nas praias de arena fina e areal extenso, ou mergulhar nas límpidas àguas do Atlântico."

Vem este testemunho a propósito de uma lista elaborada pelo Lonely Planet Travel with Children, onde Tavira foi considerada um dos 10 melhores destinos de praia do mundo para quem viaja com crianças. E este tipo de recomendações continua, basta para tal estar atento às notícias nacionais e além-fronteiras.

Cabe pois a quem se seguir na frente da Câmara Municipal de Tavira salvaguardar este nosso ex-libris, contra poderes e interesses que vêem no lucro rápido oportunidades de enriquecerem, mesmo que isso nos empobreça a todos. Há que olhar para a Ria Formosa como algo a defender e preservar, com o mínimo de proibições. Porque quem usufrui da Ria deverá ser sempre o primeiro a denunciar os infractores e não se deverá cair na tentação de tudo proibir, sob pena de mais tarde se votar ao abandono. É este o turismo de futuro e há-que percebê-lo o mais cedo possível. O turismo de contacto com a natureza, com as nossas raízes e que proporciona um escape ao mundo cada vez mais alienígena, feito de betão e alcatrão em vez de rocha e terra, onde vivemos grande parte dos nossos dias.