segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Política, em Portugal



Neste último mês a campanha eleitoral entrou nas nossas vidas pela TV, pela rádio, pelas conversas de café e pelos cartazes de campanha que inundaram Portugal. O povo foi chamado a votar mas mais uma vez provou-se que o sistema político nacional não funciona - assim como o de muitos outros países europeus - tendo-se verificado uma abstenção na ordem dos 40% nas legislativas e 41% nas autárquicas.

José Sócrates foi reconduzido por mais 4 anos, pelo que espero que durante a sua legislatura não se esconda detrás das desculpas que arranjou durante a campanha. Quando olho para o número de votantes no Partido Socialista (o mais votado, e por isso o único com legitimidade para formar governo) interrogo-me se o país escolhe os seus governantes, ou se estes são escolhidos por sondagens (2-3 por semana durante a campanha) e marketing. 2 milhões de votos, num país de 10 milhões de habitantes, deveriam corresponder a um partido da oposição. Só porque o povo se alheia da política é que este tipo de resultados são possíveis. E, claro, pior resultado têm os outros partidos.

Não se trata de diminuir a vitória do PS, mas de fazer perceber a todos que as sondagens não são mais que instrumentos de manipulação e de dissuasão ao voto. Muita gente não vai às urnas porque "já ganhou este" ou "o que apoio não tem hipótese". E perceber também que um governo com 2 milhões de votos não será cobrado da mesma maneira que um com 3 ou 4 milhões. A responsabilidade é directamente proporcional ao número de votos obtidos. Porque já se viu que o sentido de estado é qualidade perdida no Portugal do séc. XXI.

Em relação a Tavira, Jorge Botelho sucede a Macário Correia tendo conseguido mais 600 votos que o candidato independente apoiado pelo PSD, Rui Amaro. Confesso, é um resultado que me surpreendeu pela negativa, porque acredito que devemos premiar quem nos serve bem e como habitante da Freguesia de Santiago via com muito bons olhos na Câmara um homem que é um exemplo de humanidade e de acessibilidade, para contrastar com a arrogância demonstrada por Macário Correia. Considero que este foi um resultado injusto para Rui Amaro (independentemente do partido que o apoiou), por tudo aquilo que deu à cidade de Tavira. Há hoje quem apoiasse um lado e o esconda, por esta ou aquela razão, mas penso ser fundamental mantermo-nos fiéis às nossas convicções.

É por isso que hoje digo estar triste, porque não me revejo nas escolhas (soberanas) do povo. Resta-me aguardar para ver o que faz o Dr. Botelho, embora ache que quem lhe confiou o voto deverá ser quem mais terá que exigir rigor e cobrar promessas falhadas. Espero estar enganado, para o bem da nossa terra, e quem sabe até serei surpreendido.

Deixo no entanto aqui uma pequena aposta, para o leitor confirmar daqui por uns meses/anos: Á primeira dificuldade, aposto que o dedo será apontado ao Eng. Correia. O futuro dirá se tinha razão para suspeitar da sua competência.

10 comentários:

  1. Completamente de acordo com o que escreveu...so ha uma coisinha que me levanta um duvida ....o Dr. Botelho?o sr é medico??? Se é ..nao tinha conhecimento....é que Dr so se for licenciado em Medecina..digo eu, que desta coisas percebo muito pouco.....mas enfim....vamos aguardar para ver se cumpre o que prometeu....se assim for nao vai ter descanso.....:)
    ASS.Fernanda Pereia

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  2. Conforme a senhora Fernanda Pereia sabe em Portugal só não é Dr quem não é licenciado, sendo que o dito cujo parece que é licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra e advogado encartado com estágio feito na cidade de Tavira. Ou seja, é tão Dr como muitos médicos que por aí andam e não passam de licenciados... como os demais!!!

    PS - Parabéns ao autor deste blog, parece que é o único sobrevivente da maré laranja que invadiu a blogosfera tavirense neste Verão à histórica noite de 11 de Outubro. É de HOMEM!

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  3. Em Portugal existe o hábito de tratar todos os licenciados pelo título académico que têm, em alguns países (Reino Unido e E.U.A)por exemplo, as pessoas são tratadas sómente pelo nome.MAs licenciaturas á parte ,o principal é que cumpra o que prometeu e ajude a evoluir a nossa cidade .
    P.S.A minha observação nada tem de pessoal, nao conheço o sr Botelho, e até aparecer como candidato nao sabia sequer da existência do Sr.
    Agradeço a sua explicação

    ASS Fernanda Pereira

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  4. E depois há países onde as pessoas são Dr., não por serem licenciados mas porque têm dinheiro, são grandes proprietários e patrões etc. (como o Brasil, por ex.).

    Por cá somos um país onde, infelizmente, há muito snobismo e se liga muito ao status, o que é pena e lamentável. Há ainda muitos "kilómetros" a percorrer neste país em termos de alteração de mentalidades. Há quem mal acabe o curso e vá a correr ao banco para apracer o Dr. ou Dra. antes do nome. Não é ridículo? Parece-me que sim. Felizmente, os cheques já se usam cada vez menos.

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  5. É mais um daqueles problemas típicos dos Portugueses, mas não me parece que seja de hoje. Talvez devido ao alto nível de iliteracia no nosso país no último século todos os que completavam um curso superior eram tratados por Drs. ou Engºs e não raras vezes seriam reverenciados apenas e só pelo título.

    Falou muito bem a Fernanda, quando exemplificou com os EUA. Um mero licenciado não de deixa de ser tratado por Mr (Sr) e o último nome, sendo que apenas os Doutorados são tratados por Dr, sendo que muitas vezes se tratam de professores universitários ou investigadores ao mais alto nível. Excepção feita, claro está, aos médicos.

    Uma pena ainda pensarmos assim, realmente.

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  6. Brr ...
    Pimba já se foi e não tem retorno!
    Continuo a gostar de azeitonas britadas é o que me vale e sobre Dr's aceito-os qualquer que seja a sua qualidade mas não lhe presto homenagem alguma só por isso ...
    ... destesto ex-presumíveis e medíocres guarda-redes do Olhanense que se fazem passar por dr's ao irem de jipe às compras nos super-mercados.
    Voilá. aguemtem!
    e, não se esqueçam de acordar amanhã!
    Viegas

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  7. Olha, o Sr. Viegas está de volta! Já tinha dado pela sua falta e mais uma vez cá nos deixa com uma das suas mensagens enigmáticas.

    Sabe, acho que também sou uma pessoa com sorte porque também gosto muito de azeitonas britadas, e como gosto...

    Quando aos Drs. e aos pseudo Drs., deixo aqui uma quadra desse grande poeta popular Algarvio:

    Não sei porque razão
    certos homens a meu ver
    quanto mais pequenos são
    maiores querem parecer.

    António Aleixo

    Cumprimentos,
    Noélia

    P.S.- Sr. Viegas, cuidado com as azeitonas (olhe a vesícula).

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  8. Nao poderia vir mais porposito D.Noelia.....disse tudo ....quanto ás azeitonas eu nao gosto...adoro ..aliás até me dou ao trabalho de as apanahr e britar....os tempos são de crise e no mercado estao carissimas..:)

    Fim de semana agradavel para quem passar por aqui.

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  9. Pois é, mas o facto é que até o Ricardo do Gato Fedorento andou aos papeis no tratamento do entrevistado de ontem, Mário Lino. Uma vez tratava-o por senhor doutor outra vez por senhor engenheiro. Pelo nome próprio é que não podia ser.
    O Rui Amaro se tivesse um Dr atrás do nome (mesmo que fosse de um curso da farinha amparo) tinha ganho com uma perna às costas.
    Infelizmente o povo ainda é o mesmo do tempo do António Aleixo. Gosta de azeitonas e pão caseiro mas tem muito respeitinho pelo senhor doutor.

    FC

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  10. Não sei se será uma questão de respeitinho pelo Senhor doutor. Quer-me parecer que em Tavira a questão não foi essa. Acredito que se o Rui "Mira" tivesse renovado a equipa, se se tivesse demarcado da continuidade Macário Correia, se não tivesse incluido a esposa do dito nas listas, não era o facto de não ter um Dr. antes do nome que o teria feito perder por pouco mais de 500 votos.

    O Rui devia, no meu entender, ter começado a usar a "Mira" desde início. Digamos que não "Mirou" muito bem as coisas. A sua "Mira" estava ligeiramente desafinada. Mas daqui por quatro anos há mais!...

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